Projeto NinAcode promove inclusão de mulheres no campo da Tecnologia da Informação

As mulheres são minoria no mundo da ciência e da tecnologia, mas seu trabalho colaborou para que houvesse os computadores como são conhecidos hoje. Um exemplo é Ada Lovelace, a matemática que criou o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, sendo a primeira pessoa programadora da história. Esta ação foi fundamental para o avanço da tecnologia. No entanto, a realidade de atual é bem diferente disso e a área computacional é dominada pelo gênero masculino. É com a intenção de mudar esse cenário que surge o projeto Inclusão Digital e Questões de gênero: NinAcode como ferramenta educacional.

“Todo o norte do projeto está em torno da presença muito resumida, restrita, das mulheres na área de tecnologia. Isso não foi o projeto que identificou, é uma premissa na ciência há muito tempo, que a atuação feminina, devido a alguns condicionantes, principalmente culturais, vai sendo relegada a outros campos do conhecimento”, comenta a professora Patrícia Borba Vilar Guimarães, coordenadora do projeto NinAcode.

O projeto é realizado pelas pesquisadoras Thaisi Leal, Débora Araújo e Mariana Chacon sob coordenação da professora Patrícia Borba Vilar Guimarães, do Departamento de Direito Processual e Propedêutica (Depro) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A iniciativa conta também com parceria do Instituto Metrópole Digital e do Instituto do Cérebro.

Patrícia Borba Vilar Guimarães, coordenadora da base de pesquisa Direito e Desenvolvimento do Projeto NinAcode. Foto: Anastácia Vaz 

Nas pesquisas preliminares, o projeto identificou que houve uma presença crescente da mulher nas áreas de tecnologia até os anos 1970 e que na década de 1980 isso começou a mudar, sem a identificação da causa. “Se a presença era muito forte, por que na década de 1980, que foi quando realmente a tecnologia da informação se desenvolveu, a mulher deixa de ter esse papel mais central e mais representativo”, questiona Débora Araújo, pesquisadora e colaboradora do NinAcode. Segundo Débora, o objetivo do projeto passa por resgatar a participação feminina nas áreas de Tecnologia da Informação. Então foi pensada uma forma de fazer isso por meio da gamificação.

gamificação está prevista para a fase do desenvolvimento do produto, pois a linguagem do game é mais acessível para a faixa etária que o projeto planeja atingir – fundamental dois e início do ensino médio – na fase de planejamento e estratégia da comunicação visual. “O game é para fazer com que as meninas se familiarizem e se identifiquem no ambiente de programação”, reforça a Professora Patrícia Borba.

Mariana Chacon, estudante de Direito e colaboradora, explica que o projeto tem duas perspectivas, a do TI, com um viés mais pragmático de programação dos conteúdos na plataforma, e a da inclusão e da proteção dos direitos de gênero, mais ligadas ao Direito. A participação do Direito no projeto tem também a ver com a construção da Smart City – ou Cidade Inteligente em português.

Mariana Chacon, estudante de graduação em Direito e bolsista do projeto. Foto: Anastácia Vaz

Esse novo modelo de cidade deve pensar em solucionar os problemas urbanos de maneira mais ampla, buscando possibilitar uma vida melhor aos cidadãos, promovendo igualdade social, de gênero e de acesso à tecnologia de forma sustentável. “Se a cidade é formada em sua maior parte por mulheres, como o direito de pensar na produção vai ser entregue aos homens?”, analisa Patrícia Borba.

Como o projeto trabalha com inclusão, a abordagem da Cidade Inteligente surgiu porque se começa a perceber que, se as mulheres ficarem de fora do desenvolvimento e da capacidade de se unir nessas políticas, a sociedade pode criar uma nova zona de exclusão. “No contexto em que a tecnologia começa a dominar o cenário das relações sociais, a mulher tem de estar capacitada igualitariamente para se inserir socialmente”, aponta a coordenadora.

Este ano o NinAcode ficou entre as três melhores propostas do Hackathon Women in Smart Cities, uma espécie de competição interdisciplinar que visa ao desenvolvimento de aplicativos e aplicações voltados ao público do gênero feminino ou de pessoas que assim se identifiquem. De acordo com as pesquisadoras, esse reconhecimento prova que o projeto está no caminho certo. Para conhecer mais sobre NinAcode, é possível acompanhar o perfil no Instagram @ninacodebr.

Por Henrique Câmara – Agecom/UFRN

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