Por Jeferson Rocha | Fotos: Wallacy Medeiros

Simulação de Organizações Internacionais (SOI) é um evento anual onde alunos do ensino médio e de Universidades têm oportunidade de viver a experiência de debate entre representantes de países, em nove comitês
É comum acompanharmos nos noticiários internacionais, reuniões de chefes de Estado em espaços de debate como Conselho de Segurança das Nações Unidas. Observando essa prática, professores e alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) criaram o projeto Simulação de Organizações Internacionais (SOI), um evento anual onde alunos do ensino médio e de Universidades têm oportunidade de viver a experiência de debate entre representantes de países, em nove comitês.
Este ano, o evento acontece entre os dias 5 e 9 de outubro no campus central da UFRN, envolvendo 202 alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas da capital potiguar e 192 alunos de ensino superior de diversos estados do país. Na simulação, os alunos atuam em debates como se fossem diplomatas, chefes de Estados, juízes, especialistas e ministros, simulando os processos de negociação e de decisão que acontecem nas organizações ou nos tribunais internacionais.
Nesta edição, as atividades da SOI estão divididas em nove grupos de debate: Conselho de Direitos Humanos (CDH), Comitê de Imprensa Internacional (CII), Corte Internacional de Justiça (CIJ), Conselho Europeu (Consilium), Conselho de Paz e Segurança da União Africana (CPS/UA), Organização Mundial do Turismo (OMT), Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Parlamento do Mercosul (PARLASUL) e United Nations Security Council (UNSC).
O projeto é organizado pelo Departamento de Direito Público da UFRN, e oportuniza a 192 alunos de ensino superior de diversos cursos, participarem dos debates e simulações, como Melissa Emerenciano, aluna do 8º período do Curso de Direito da Universidade, que participa da SOI desde 2010, quando cursava o 1º ano do Ensino Médio. Para ela, “A SOI oferece oportunidade de tirar do papel o que foi aprendido em sala de aula. Com ela, é possível desenvolver habilidades importantes, como oratória, argumentação, disciplina e diplomacia”.
Além da graduação, 202 alunos de escolas de ensino médio participam de três comitês da “Mini SOI”, como Vitória Medeiros, aluna do 2º ano do Colégio Ciências Aplicadas, que se vestiu a caráter para representar a Nigéria no ONU Mulheres. A escolha pela Nigéria aconteceu antes do início do evento e foi uma oportunidade de conhecer e enfrentar algo diferente: “É muito cômodo você ficar defendendo um país europeu. E, defendendo outro país você muda, muda seu pensamento” registra, Vitória.
Para os participantes, delegados dos diversos países, o trabalho começa muito antes dos debates, como relata Vitória Medeiros: “A gente vai pesquisando sobre o posicionamento do país escolhido, sobre as políticas externas e a gente tem que defender o país e muitas vezes e muitas vezes utilizar técnicas para convencer os países de outros continentes, de diferentes culturas, porque nem tudo é uma realidade perfeita e você tem que adaptar para falar sobre aquilo sem se atacar”.
O professor Angelo Menezes, orientador da SOI, também passou por essa experiência e acredita que foi um divisor de águas na vida dele. “Participei pela primeira vez em 2007, já fui delegado, diretor da Mini SOI e, mesmo depois de sair da graduação, sempre estou dando apoio ao projeto porque acredito que é meu projeto de vida. Foi onde eu me apaixonei pelo curso de Direito e é algo que eu quero fazer para sempre”, ressalta.
Menezes também ressalta que o projeto é uma oportunidade para que alunos do Ensino Médio conheçam o mundo acadêmico e que estudantes universitários vivam experiências extra-classe. “Antes de entrar na Universidade, estudantes podem ter contato com professores e alunos da graduação e é a oportunidade de viver realidades incomuns em nosso estado e de treinar um pouco a retórica, a argumentação e o hábito de se falar em público”, registra o professor.
Comitê de Imprensa Internacional é formado, em sua maioria, por estudantes de jornalismo, mas também por alunos de outros cursos
que, juntos, fazem a cobertura do que é discutido nos demais comitês
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Mídia
Uma amostra da integração entre cursos durante a SOI, é o Comitê de Imprensa Internacional (CII), formado, em sua maioria, por estudantes de jornalismo, mas também por alunos de outros cursos que, juntos, fazem a cobertura do que é discutido nos demais comitês. Eles são responsáveis também pela alimentação das mídias oficiais da SOI:www.facebook.com/SOIUFRN,https://twitter.com/soi_ufrn e http://soi.org.br.
Os alunos também têm a oportunidade de simular o trabalho de agências de comunicação como a realização de uma Web TV, Agência de Fotojornalismo e Comunicação Digital. Este ano, as equipes simulam o trabalho real de empresas de comunicação como Al Jazeera, Washington Post e Daily Sun. Para isso, os alunos estudam essas mídias antes do início do evento para conhecer a política editorial e formatação dos conteúdos.
Para Lis Nóbrega, aluna do 8º período de Jornalismo e diretora do Comitê de Imprensa, a SOI é um espaço democrático de aprendizado. “Esta é a quarta vez que participo da Simulação e sinto que este é um espaço de troca de conhecimentos, de prática e aprendizado porque estamos atuando em diversas mídias, tratando de temas de abordagem internacional e que importam na nossa vida”, ressalta.
Entenda
Os Modelos de Organizações Internacionais têm sido realizados por todo o mundo, tornando tais fóruns de debate cada vez mais conhecidos pela sociedade. Nesse tipo de atividade acadêmica, os estudantes, divididos em comitês temáticos, debatem assuntos centrais da agenda internacional, como Direitos Humanos, segurança, economia, desigualdade e meio ambiente.
No Brasil, o projeto foi constituído pela consolidação de modelos em várias cidades, como: MUNDI, em João Pessoa; o AMUN, em Brasília; o TEMAS, em Belo Horizonte; o UFRGSMUN, em Porto Alegre; a SONU, em Fortaleza.
Na simulação, os alunos atuam em debates como se fossem diplomatas, chefes de Estados, juízes, especialistas e ministros,
simulando os processos de negociação e de decisão que acontecem
nas organizações ou nos tribunais internacionais
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A SOI foi criada em 2001, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da UFRN, numa iniciativa pioneira em todo Norte-Nordeste. Assim como os demais modelos de organizações internacionais, o projeto tem uma importante função político-pedagógica, na medida em que possibilita a integração de estudantes em um ambiente de negociação – seja de consenso ou de conflito – em que poderão desenvolver suas habilidades de oratória, diálogo, disciplina, além de passar a compreender melhor os acontecimentos da nossa realidade e refletir sobre os rumos das sociedades.
Segundo a professora Rosenite Alves de Oliveira, fundadora da SOI, o projeto surgiu no contexto de uma disciplina de Direito Internacional no momento em que aconteceram atentados contra as Torres Gêmeas, em Nova York. “Naquele clima de debate, veio a ideia de simular o Conselho de Segurança das Nações Unidas com os alunos e, compreendendo o trabalho e tudo que exigia para preparar uma simulação resolvemos abrir a todos os alunos e acabou se tornando nesse grande evento que podemos perceber na atualidade”, explica.
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