#MaisQueServidor – Jefferson Arruda: Quando a Vida encontrou a Dança

Jefferson Arruda, apesar de ter nascido em Natal, passou sua infância e parte da adolescência em Macaíba. Desde cedo percebeu que no seu interior havia um turbilhão de sentimentos, estes, no tempo certo o revelariam que, a explosão interna, era a necessidade de seu coração ocupar outros locais, até que a posição entre onde ele estava e onde a sua felicidade se encontrava pudessem se alinhar. O agito era também o deslocamento que estava por vir.

Hoje, aos 39 anos, não é o mesmo que era há 20 anos, certamente ninguém o é, mas é certo também que as mudanças que ocorreram em sua vida foram expressivas o suficiente para que ele as sinta como uma nova vida. Por muitos anos adiando o viver, sendo engolido pelo tempo do mundo, que não era o mesmo tempo do dele, suas verdadeiras alegrias eram quase pinceladas de suspiro em sua rotina. Agora, é o movimento que o faz dançar.

Aos 15 anos já estava em Natal, estudou Construção Civil na então Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) e logo depois continuou na área ao escolher o curso de Arquitetura. Talvez o primeiro grande descompasso sofrido pelo seu coração, pois um Jefferson anterior já havia sonhado com outras coisas: “na minha infância eu sempre achei que ia ser artista”.

Jefferson sempre gostou de desenhar, como garoto introspectivo que disse ter sido, o desenho, a arte, era o seu esconderijo particular. “Um belo dia meus pais me viram olhando para uma planta baixa na casa de uns amigos deles, eu achei aquele desenho tão lindo, eu sempre gostei muito de desenhar e de pintar”, relata ainda que o momento foi como um alívio para os pais, “finalmente tinha gostado de algo que poderia ser uma profissão”.

O desenho arquitetônico se tornou sua profissão, mas o choque interno ainda o incomodava, durante 10 anos foi professor, projetista, fez mestrado, pensou até em fazer o doutorado, “chegou uma época que doeu, não estava saudável nem bem humorado”, foi quando uma grande mudança teve espaço em sua vida: A hora de desistir de tudo.

“Dentro de mim eu era um fogo, se fosse para queimar, era para queimar tudo”, foi assim que deixou uma profissão já estabilizada e decidiu que cursaria Psicologia. Jefferson deixou sua brasa interior queimar aos poucos, para ele, na época, um novo curso universitário era o caminho. Passou um ano estudando para o vestibular, sem contar a ninguém sobre os seus planos, nesse meio tempo o CCSA entrou em sua vida, uma prova feita apenas como um teste de resistência, “eu tive a intuição de me colocar numa cadeira fazendo uma prova durante 4 horas”, o que seria apenas um treino virou algo maior.

“Quando eu entrei aqui (no CCSA) eu ainda estava na loucura da vida, decidi fazer psicologia antes de largar tudo”. Virou um estudante de psicologia trabalhando no CCSA e sendo professor à noite, “era muita coisa, era o dia todo”, acrescentou. Os ponteiros internos ainda não estavam ajustados.

Entrou no CCSA, em 2012, já como coordenador do Qualivita (Programa de Qualidade de Vida do Trabalho), somente quando o peso dos dias se chocou com a leveza que ele encontrou no Programa, conseguiu verdadeiramente largar tudo, e essa escolha tornou o seu trabalho ainda mais leve – um renovado Jefferson aparecia.

A Yoga esteve presente em sua vida desde os anos 2000, logo depois de uma aula que fez, e o interesse ganhou força: “eu quero isso para minha vida”. Comprou um livro, pegou 2 DVDs da casa de seus pais e praticou sozinho por 14 anos.

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Já a dança, uma grande paixão, parecia reaparecer em sua vida apenas em momentos de crise, Jefferson conta que costumava se deixar ser engolido pelo mundo. “Eu sempre dancei desde criança, em festas de família, pensava que eu só queria me divertir, que era bom fazer aquilo, uma brincadeira. Hoje, eu vejo que era um espaço de pertencimento, de legitimidade, eu me sentia tendo personalidade”, embora por vezes ela não tenha ocupado o local que ele sabia que era prioritário para seu bem estar.

“Em 2002, eu estava muito estressado, fui no neurologista, não tinha nada, ele me disse: você precisa fazer algo que goste muito. Eu fui a um espetáculo de dança e o encantamento começou”. Depois desse evento, Jefferson deu espaço novamente para a dança em sua vida, entre idas e vindas. 

Já a Yoga, que até então era uma prática solitária, ganhou uma nova face em  2014, em um curso de Ayurveda, medicina tradicional indiana, onde conheceu uma Professora de Yoga, que o fez despertar para cursos de formação e a começar a atender pessoas individualmente. 

Algum tempo depois, não apenas como instrutor personal, começou a trabalhar em grupo. “Todo dia tenho uma turma de yoga, é uma prática que potencializa muitas coisas, a energia do grupo é maravilhosa”, embora reafirme que a solitude seja também extremamente importante para o seu conhecimento pessoal.

Atualmente conta que yoga e dança andam juntas em sua vida. Sobre o que durante todos estes anos a dança tem causado nele, Jefferson comenta “já senti só alegria, já senti só poder, me empoderando, me vendo capaz, já senti muito prazer. Mais recentemente como um lugar de descobertas constantes e, hoje, é um lugar de soltura. Hoje eu quero dançar a sutileza.”

Feliz com quem é, Jefferson Arruda fala ainda sobre uma das lições mais importantes que a sua jornada o tem ensinado, “eu descobri como é bom deixar… a gente sofre por se agarrar às coisas, a vida fica muito mais leve quando a gente solta, cada vez que eu deixo, eu dou permissão para que sei lá o quê chegue”. 

E assim o seu coração tem se ajustado cada vez mais aos lugares que realmente deseja ocupar, em suas sutilezas ou agitações, onde os sonhos de menino se mostraram muito mais que apenas imaginação.

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